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Jorge Simões ajuda-nos a compreender o estado em que se encontra o mercado de arrendamento.

Jorge Simões não esconde que pode haver algum aproveitamento por parte de alguns senhorios, que na Remax “procuramos contornar avisando que, às vezes, é preferível baixar um pouco as expetativas em prol de uma maior segurança quanto às pessoas que determinado senhorio vai colocar a habitar a sua casa”. Contudo, esclarece, o mercado está em ebulição e mesmo com preços altos, “o produto é consumido”, ou seja, “apesar de os ordenados não terem subido a tal ponto que dê para se pagarem determinadas rendas”, é certo que “o mercado de arrendamento não está parado”, e as casas vão sendo escoadas por esta via. Jorge Simões atribui a esta circunstância, quer em Azambuja, quer nos concelhos vizinhos, ao facto de nesta altura apesar de mais caras as casas na nossa região, estas acabam por ter preços para renda mais baratos em comparação com Lisboa, o que faz com que “muita gente da capital esteja a querer vir para cá”. “Se para nós azambujenses uma renda de 700 pode ser chocante, para alguém que neste momento more e trabalhe em Lisboa acaba por ser acessível”. Por outro lado, “o fenómeno da imigração também pesa, não se importando alguns senhorios de arrendarem casa a vários casais de brasileiros ou paquistaneses na mesma habitação” que entre eles acabam por conseguir reunir cerca de 900 euros, valor que acaba por ser corriqueiro por estes dias no mercado de arrendamento de Azambuja. “É a estratégia de cada um”, resume assim esta política de alguns senhorios. Contudo ressalva que por aquilo que tem ouvido falar este tipo de prática tem trazido maus resultados – “Porque uma coisa é o desgaste dos bens do imóvel por parte de um casal, outra é quando existe o dobro ou o triplo das pessoas na mesma habitação”.
​Jorge Simões especifica ainda que nem tudo no mercado de arrendamento significa ganância dos senhorios, porque nesta altura “e só para dar um exemplo uma saca de cimento aqui numa loja em Azambuja, no ano passado, custava 2,80 e agora chega aos 5 euros”. Isto para ilustrar que na transição de um inquilino para outro, os senhorios “acabam por fazer elevados investimentos nas casas que querem voltar a colocar no mercado”. Depois a nível fiscal “a carga de impostos subiu consideravelmente para quem faz do arrendamento uma atividade”. Jorge Simões exemplifica que as mais valias geradas por quem está no negócio da habitação são tributadas pelas Finanças em 28 por cento ao ano, ou seja, grosso modo “dois meses do ano são apenas para pagar impostos, restam dez meses de lucro”.

O agente acredita que o mercado ainda vai manter-se com preços elevados decorrente do facto de a procura estar sempre à frente da oferta nos últimos anos. “Cada vez há menos construção nova, e qualquer imóvel que seja para reabilitação e colocado no mercado de arrendamento comporta um investimento que não é tão baixo quanto isso. Por isso se o senhorio não refletir esse investimento na renda acaba por não ter rendimento nenhum”.